Follow us on:






Adicionar aos favoritos




criado por Blog &
Web



Pages

Labels

Cine

Uma grande aventura aqui no Fantástico. Uma expedição - de carro - saindo da Amazônia em direção ao Oceano Pacífico. Vamos pegar a Transoceânica, estrada ainda em construção que cruza desertos, montanhas geladas, cidades engolidas pela lama e revela muitas surpresas.

Nós nos acostumamos a ver o mapa do Brasil todo virado para o lado leste, para o Oceano Atlântico, dando as costas para todos os vizinhos que estão a oeste, os países de fala hispânica, a Cordilheira dos Andes, o próprio Oceano Pacífico, que fica do outro lado. É por isso que, deste ponto de vista, o Acre fica no fim do Brasil. Mas, com a construção da Transoceânica, os acreanos querem ser vistos como o começo de tudo.

Para ligar o estado do Acre a três portos no Peru, a rodovia vai abrir mais de dois mil quilômetros de caminho até o Oceano Pacífico. Para quem sai do Brasil de carro, como nossa equipe, os primeiros 700 já estão prontos. Assis Brasil é a última cidade no lado brasileiro - ou a primeira, dependendo do ponto de vista.





“O Brasil, de acordo com Marechal Rondon, começa no seu quintal”, diz o repórter Ernesto Paglia para a moradora.

“Justamente!”, ri ela.

Chegamos ao Peru e, só na cidade de Ibéria, 160 quilômetros dentro do país vizinho, a gente encontra o primeiro canteiro de obras da estrada interoceânica. E já dá para sentir: não é um canteiro tradicional. Quarenta e seis mulheres trabalham feito homem na obra.

Nós só temos mais 40 quilômetros de asfalto pela frente. Sem acostamento, a pista é um perigo. Em seguida, um trecho sem solavancos, deslizando suavemente na balsa pelo Rio Madre de Dios. Dormimos do outro lado, na "metrópole" da região, Puerto Maldonado.

Puerto Maldonado vive do turismo na Amazônia peruana. As pousadas de selva são o lugar ideal para gringos que querem viver uma aventura amazônica, mas não abrem mão do conforto.

Mas, do outro lado do rio, bem em frente às pousadas luxuosas do Rio Madre de Dios, dragas de ouro, de garimpo. Lodo e areia são sugados do fundo e despejados em uma rampa forrada de carpete. O ouro gruda no filtro improvisado. Para retirar o metal do tecido, os garimpeiros usam o mercúrio, que envenena rios e homens - um perigo.

Quem cuida das máquinas é Ezequias Fidelis da Silva, brasileiro que saiu do Rio Grande do Norte há mais de duas décadas. Aos 43 anos, sem família, nem poupança, ele ganha hoje o que vai torrar em Maldonado no próximo fim de semana.

Ernesto Paglia - Mas o pessoal acha que quem trabalha com ouro fica rico...

Ezequias Fidelis da Silva - Não, isso aí é ilusão besta. É ilusão que a pessoa bota na cabeça. É o seguinte: quando tu agarra um ourinho bom, tudo bem se for dono de máquina. Mas quem trabalha na porcentagem, como vai ‘enricar’?

Novo dia, adeus, Puerto Maldonado. A Transoceânica nos espera. Se a rodovia é perigosa na planície, imagine na serra. Começa a subida... Descobrimos que a arte de dirigir nesses precipícios exige uma habilidade importante: a de rezar.

A estrada que nossos faróis mal iluminam parece longe de merecer o pomposo título de "transoceânica". Em um determinado ponto, saímos da rota oficial para conhecer o lugar mais rico do Peru.

Nos nove países que abrigam a Amazônia, cada rio é uma estrada e qualquer barranco vira rodoviária. Huepetuhe fica a poucos quilômetros da nova estrada do Pacífico. É a capital do ouro e o retrato do inferno.

O garimpo arranca do barro pré-andino uns 300 quilos de ouro por mês, uma fortuna de US$ 7 milhões. Mas no lugar só ficam migalhas. O lugar é um miserável alojamento de aventureiros, sem água, nem esgoto para os dez mil habitantes fixos e os sete mil de passagem.

A lama do garimpo escorre sem freio e sepulta a vila sem dó. Em um ponto, existia o melhor hotel de Huepetuhe. Três andares do Victoria sumiram na lama. Ferros eram a escadinha da piscina de 16 metros de comprimento por 8 de largura que havia no local. Até há menos de um ano, ainda era possível ver a piscina. Agora ela já foi totalmente coberta pela lama.

A delegacia, que perdeu metade do prédio para o lodo, atende agora em um endereço provisório, um dos vários bordéis da cidade, esvaziado temporariamente para que os policiais tivessem lugar para trabalhar. Pobre Huepetuhe: tão perto da Transoceânica, tão longe do verde e de um futuro.

Dali para frente, é só subida. Em um trecho, a rodovia segue o traçado da antiga estradinha que já existia.

Em outro trecho, precisamos admitir que a estrada do Pacífico ainda está, digamos, limitada. Há um cânion, por onde desde o rio, e lá embaixo, quem tem carro, passa dentro d’água. Em cima, a passarela de pedestres, que precisam de uma boa dose de equilíbrio e de coragem. A ponte balança... Só é bom para quem tem asas e curte uma corredeira, feito o biguá.

A esta altura, nossa equipe venceu mil quilômetros de obstáculos desde Rio Branco, no Brasil. Chegamos à metade do caminho. Agora, diante de nós, se ergue a grande muralha do continente, a majestosa Cordilheira dos Andes.

Domingo que vem, nossa expedição atinge a altitude máxima. Você vai conhecer os donos das montanhas, personagens que fazem o progresso esperar.

agenda Futebol Ao Vivo

Rio de Janeiro

Perseids! Live Video/Audio

FORMULARIO BOTAO PAGSEGURO

CUSCO

e-comerc